Corpos atléticos e força bruta: a dicotomia corporal racializada na supremacia branca esportiva

Autores

  • Marcio Antonio Tralci Filho Universidade de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.46269/7118.273

Palavras-chave:

Filosofia, Racismo, Esporte, Modernidade, Colonização

Resumo

Esse ensaio faz uma análise sobre o papel das práticas esportivas na consolidação dos ideais de superioridade racial branca pensados pelo projeto de modernidade europeia e operacionalizados pelo colonialismo, bem como suas repercussões nas considerações sobre corpos racializados. Para tanto, foram utilizados referenciais teóricos da filosofia africana e afrodiaspórica contemporânea, bem como escritores que buscaram, sob o escopo da psicologia, analisar as repercussões corporais da supremacia branca. A partir desse panorama, foi possível estabelecer uma crítica ao projeto racial da modernidade e sua relação com a instituição do esporte moderno, principalmente a partir da constituição do Olimpismo como prática colonialista, baseada em análises de textos escritos por seu fundador. Por fim, é proposta uma categoria analítica relacionada a esse contexto: a “dicotomia corporal racializada”.

Biografia do Autor

Marcio Antonio Tralci Filho, Universidade de São Paulo

Bacharel, Licenciado e Mestre em Educação Física pela USP. Atualmente é doutorando do Programa de Psicologia Social do Insituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.

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Publicado

2018-06-18