Criminalização das drogas e controle social: o papel da medicina na formação da moralidade burguesa
DOI:
https://doi.org/10.46269/8219.439Resumo
A formação capitalista tornou possível um uso desmedido de substâncias psicoativas, causando preocupações governamentais devido a desregulamentação das condutas sociais necessárias para o bom funcionamento do novo sistema econômico. A necessidade de regulação de uma moralidade voltada para o trabalho, fez da medicina um instrumento de intervenção da realidade social, expandindo seu poder e influência para além do campo da saúde. A partir das contribuições teóricas de Michel Foucault sobre o nascimento da biopolítica, este artigo pretende apresentar o “problema das drogas” como um problema político e moral que tem como plano de fundo um crescente reconhecimento científico e profissional da autoridade médica que se consolidou atendendo aos interesses da sociedade capitalista.
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