Sobre a zona de não-ser e o negro-tema: um debate acerca da produção do conhecimento a partir de Frantz Fanon e Guerreiro Ramos
DOI:
https://doi.org/10.46269/9120.467Palavras-chave:
Teoria social, modernidade, racialização, Frantz Fanon, Guerreiro Ramos.Resumo
Este artigo busca compreender de que modo o sujeito negro esteve alocado na produção canônica da teoria social moderna a partir das obras de Frantz Fanon e de Guerreiro Ramos. Tendo como método a análise de conteúdo, chegamos à conclusão de que ambos os autores se aproximam ao considerar que esta produção canônica concebeu uma narrativa equivocada acerca da subjetividade e da realidade social do negro ao situá-lo como ser estático e inferior. Assim, com base nos conceitos “zona de não ser”, de Fanon, e “negro-tema”, de Ramos, desenvolvemos nossa reflexão em torno do argumento de que a racialização do sujeito negro impossibilitou o conhecimento pleno de sua experiência social pela produção teórica.
Referências
ADELMAN, Miriam. A voz e a escuta: encontros e desencontros entre a teoria feminista e a sociologia contemporânea. São Paulo, SP: Blucher Acadêmico, 2009.
BROWN, K; ITZIGSOHN, J. Sociology and the theory of double counsciousness: W.E.B. Du Bois’s phenomenology of racialized subjectivity. In: Du Bois Review: Social Science Research on Race. Hutchins Center for African and African American Research. v. 12:2, p.231-248, 2015.
BRUCE JR., Dickson. D. W. E. B. Du Bois and the Idea of Double Consciousness. American Literature, 64 (2), p. 299-309, 1992.
CAMPOS, Luiz Augusto. “O negro é povo no Brasil”: afirmação da negritude e democracia racial em Alberto Guerreiro Ramos (1948-1955). Cad. CRH, Salvador, v. 28, n. 73: p. 91-110, abr. 2015.
CASTRO-GOMEZ, Santiago. Ciências sociais, violência epistêmica e o problema da “invenção do outro”. In: LANDER, Edgardo. (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e Ciências Sociais - Perspectivas latino-americanas, Ciudad Autónoma de Buenos Aires/Argentina: CLACSO, 2015.
CESAIRE, Aimé. Discurso sobre o colonialismo. Lisboa, Portugal: Livraria Sá da Costa Editora, 1978.
CONNELL, Raewyn. O Império e a Criação de Uma Ciência Social. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar. São Carlos, v. 2, n. 2: pp. 309-336, jul-dez, 2012.
DUBOIS, W.E.B. As almas da gente negra. Rio de Janeiro: Lacerda Editores, 1999.
FANON, Frantz. Em Defesa da Revolução Africana. Lisboa: Livraria Sá da Costa,1980.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Juiz de fora: Editora UFJF, 2005.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Bahia: Editora Edufba, 2008.
FAUSTINO, Deivison M. “Por que Fanon, por que agora?”: Frantz Fanon e os fanonismos no Brasil. 2015. 252f. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2015.
FAUSTINO, Deivison M. Frantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro. 1ªed., São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2018.
FILGUEIRAS, Fernando. Guerreiro Ramos, a redução sociológica e o imaginário pós-colonial. Caderno CRH, 25(65): 347-363, 2012.
GILROY, Paul. O Atlântico Negro. Modernidade e dupla consciência. São Paulo, Rio de Janeiro: 34/Universidade Cândido Mendes – Centro de EstudosAfroAsiáticos, 2001.
GORDON, Lewis. Prefácio. In: FANON, Frantz. Pele Negra, Máscaras Brancas. Salvador: EDUFBA, 2008.
GORDON, Lewis. What Fanon Said: A Philosophical Introduction to His Life and Thought. New York: Fordham University Press, 2015.
GUIMARÃES, Antônio Sérgio Alfredo. A recepção de Fanon no Brasil e a identidade negra. Novos estudos - CEBRAP, 81, 99-114, 2008.
LANDER, Edgardo. Ciências sociais: saberes coloniais e eurocêntricos. In: LANDER, E. (Org). A colonialidade do saber: eurocentrismo e Ciências Sociais - Perspectivas latino-americanas. Ciudad Autónoma de Buenos Aires/Argentina: CLACSO, 2005.
LYNCH, Christian. Teoria Pós-colonial e Pensamento Brasileiro na Obra de Guerreiro Ramos: o pensamento sociológico (1953-1955). CadernoCrH, 28 (73), 27-45, 2015.
MAIO, Marcos Chor, “A questão racial no pensamento de Guerreiro Ramos”. In: Maio, M. C. & Santos, R. V. (Orgs.). Raça, ciência e sociedade. Rio de Janeiro: Fiocruz/CCBB, 1996.
MAIO, Marcos Chor. Cor, intelectuais e nação na sociologia de Guerreiro Ramos. Cadernos EBAPE.BR, 13 (spe), 605-630, 2015.
MBEMBE, Achille. Crítica da Razão Negra. 1ª ed. Lisboa: Editora Antígona, 2014.
MEDEIROS, Priscila Martins. Rearticulando narrativas sociológicas: teoria social brasileira, diáspora africana e a desracialização da experiência negra. Soc. estado. [online]. vol.33, n.3, pp.709-726, 2018. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/s0102-6992-201833030003.
RAMOS, Guerreiro. A redução sociológica. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1996.
RAMOS, Guerreiro. Introdução crítica à sociologia brasileira. Rio de Janeiro: Andes, 1957.
SANTOS, Gislene Aparecida dos. Selvagens, Exóticos, Demoníacos. Estudos Afro-Asiáticos, Ano 24, nº 2, pp. 275-289, 2002.
SCHWARCZ, Lilia. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SILVA, A. H. & FOSSÁ, M. I. T. Análise de conteúdo: exemplo de aplicação da técnica para análise de dados qualitativos. Qualitas Revista Eletrônica, 16 (1), pp. 1-14, 2015.
SPIELMANN, Ellen. “Alteridade” desde Sartre até Bhabha: um surf pela história do conceito. Revista Brasileira de Literatura Comparada, n.5, pp. 18-28, 2000.
STREVA, Juliana. Teoria Descolonial de Frantz Fanon: anti-racismo, novo humanismo e luta. Conversações: Política, Teoria e Direito - Revista Discente da Pós Graduação - PUC-Rio. Cadernos do Seminário da Pós 2015, pp. 120-150, Rio de Janeiro, RJ, 2015.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Áskesis
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Procedimentos para o envio dos manuscritos
Ao enviar seu manuscrito o(s) autor(es) está(rão) automaticamente: a) autorizando o processo editorial do manuscrito; b) garantindo de que todos os procedimentos éticos exigidos foram atendidos; c) compartilha os direitos autorais do manuscrito com a revista Áskesis; d) admitindo que houve revisão cuidadosa do texto com relação ao português e à digitação; título, e subtítulo (se houver) em português; resumo na língua do texto, com as mesmas características; palavras-chave inseridas logo abaixo do resumo, além de keywords para o abstract; apresentação dos elementos descritivos das referências utilizadas no texto, que permitam sua identificação individual; observação das normas de publicação para garantir a qualidade e tornar o processo editorial mais ágil.
Ao submeter o manuscrito deve ser informado (no portal SEER) nome, endereço, e-mail e telefone do autor a contatar e dos demais autores. Forma de Apresentação dos Manuscritos O título deverá ser apresentado em português e inglês.
A apresentação dos originais deverá seguir as normas da Revista Áskesis e, quando não contempladas, seguir as normas atualizadas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Recomenda-se a consulta principalmente às normas NBR 10.520/02 – Citações em documentos; NBR 6024/03 – Numeração progressiva das seções de um documento; NBR 6023/02 – Referências; NBR 6028/03 – Resumos; NBR 6022/03 –Artigo em publicação periódica científica impressa - Apresentação. Nota: Os resumos que acompanham os documentos devem ser de caráter informativo, apresentando elementos sobre as finalidades, metodologia, resultados e conclusões do estudo.
Figuras, tabelas, quadros, etc., devem ser apresentadas uma em cada página, acompanhadas das respectivas legendas e títulos. As figuras e tabelas não devem exceder 17,5 cm de largura por 23,5 cm de comprimento. Devem ser, preferencialmente, elaboradas no Word/Windows. Não serão aceitas figuras gráficas com cores ou padrões rebuscados que possam ser confundidos entre si, quando da editoração da revista. Se aceito, as figuras e tabelas devem ser enviadas separadamente, via e-mail, para o precesso de diagramação, com suas respectivas legendas explicativas.