Sem visualizações, sem emprego: vida e processo de trabalho de youtubers brasileiros
DOI:
https://doi.org/10.46269/9220.627Palavras-chave:
Trabalho;, plataforma;, YouTube; trabalho digital;, youtuberResumo
Este artigo busca debater o processo de trabalho dos youtubers e sua complexa relação com a plataforma. O YouTube dita o que pode ser monetizado, vende espaço de publicidade e gerencia como o público consome os vídeos, mas também o que o youtuber pode produzir. A metodologia qualitativa com análise de entrevistas e vídeos selecionados possibilita discutir como autonomia e subordinação se encontram na vivência de produtores de conteúdo. Envolvidos pela regência dos algoritmos, a complexidade do processo de trabalho se evidencia não apenas em horas trabalhadas, mas em alcance e engajamento. O discurso de uma ação que diz ser divertida e despretensiosa esconde uma ocupação que toma o indivíduo e transforma todo o seu tempo disponível em tempo de trabalho, em marca e mercadoria.
Referências
AZAÏS, Christian. Zone grise d’emploi, pouvoir de l’employeur et espace public : une illustration à partir du cas Uber. Relations industrielles. Les nouvelles frontières de la relation d’emploi. Volume 72, Numéro 3, p. 433–456. 2017.
_____; DIEUAIDE, Patrick; KESSELMAN, Donaa. Zone grise d’emploi, pouvoir de l’employeur et espace public : une illustration à partir du cas Uber. In: Relations Industrielles. Volume 72, n. 3, p.433-456, 2017.
BENDASSOLLI, Pedro F; BORGES-ANDRADE, Jairo Eduardo. O significado do trabalho nas indústrias criativas. RAE, São Paulo, v. 51, n. 2, mar./abr. de 2011, p. 143-159.
BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Ève. O Novo Espírito do Capitalismo. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes, 2009.
BRIDI, Maria Aparecida; MOTIM, Benilde Lenzi. Padrões e processos de trabalho na “indústria” da informática no Paraná: a natureza do trabalho informacional e a falácia do trabalho criativo e emancipado. In: 35º Encontro Anual da Anpocs. Caxambu, 2011.
BUREAU, Marie-Christine; CORSANI, Antonela. Du désir d’autonomie à l’indépendance, Une perspective sociohistorique. La nouvelle revue du travail. 2014. Disponível em: http://journals.openedition.org/nrt/1844 . Acesso em 20 nov 2020.
CARDOSO, Bruno; BRUNO, Fernanda; MELGAÇO, Lucas; GUILHON, Luciana; KANASHIRO, Marta (org). Tecnopolíticas da vigilância. Perspectivas da margem. São Paulo: Boitempo, 2018.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011.
CORSANI, Antonella; LAZZARATO, Maurizio. Emprego, crescimento e renda: história de conteúdo e forma de movimento. Lugar Comum. No17, pp. 73-83. s/d.
DENARI, Giulianna Bueno. Discursos sobre trabalho e diversão na plataforma Youtube: novas configurações do trabalho informacional a partir de likes e visualizações. In: 42º Encontro Anual da Anpocs, 2018, Caxambu. Anais...Caxambu, Anpocs, 2018, online.
DIEUAIDE, Patrick; AZAIS, Christian. Platforms of Work, Labour, and Employment Relationship: The Grey Zones of a Digital Governance. In: Frontiers in Sociology. Volume 5, s/n; 2020. Disponível em: https://www.frontiersin.org/article/10.3389/fsoc.2020.00002. Acesso em: 20 nov. 2020.
DISNEY, Google e YouTube cancelam contratos com youtuber PewDiePie por piada antissemita. O Globo, 14 fev 2017. Disponível em: https://oglobo.globo.com/cultura/revista-da-tv/disney-google-youtube-cancelam-contratos-com-youtuber-pewdiepie-por-piada-antissemita-20923452 . Acesso 20 nov 2020.
FACIOLI, Lara; PADILHA, Felipe. Ética e pesquisa em Ciências Sociais: reflexões sobre um campo conectado. Mediações, Londrina, v. 24. n.1, p228-258, 2019.
FLICHY, Patrice, Le travail sur plateforme. Une activité ambivalente. Réseaux, 2019/1, n. 213, p.173-209. Disponível em: https://www.cairn.info/revue-reseaux-2019-1-page-173.htm . Acesso 20 nov 2020.
HÉRNANDEZ, José Angel Cerón; De LaGarza, Enrique. Os YouTubers como trabalhadores não clássicos. In: BRIDI, Maria Aparecida; LIMA, Jacob Carlos (org). Flexíveis, virtuais ou precários? Os trabalhadores em tecnologia da informação. Curitiba: Ed. UFPR, 2018, p.219-245.
HERTZOG, Lucas. Dá um like, se inscreve no canal e compartilha o vídeo. Um estudo sociológico sobre o trabalho e as novas tecnologias digitais no YouTube Brasil. 2019. 239f. Tese (doutorado). Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. UFRGS, 2019.
HUWS, Ursula. Labor in the global digital economy. The cybertariat comes of age. New York: Monthly Review Press, 2014.
LIMA, Jacob C; OLIVEIRA, Daniela Ribeiro de. Trabalhadores digitais: as novas ocupações no trabalho informacional. Revista Sociedade e Estado. Volume 32, n.1,2017.
MARQUES, Carol. Felipe Neto é o segundo youtuber mais visto no mundo em 2019. O Globo, Extra, 05 dez 2019. Disponível em: https://extra.globo.com/famosos/felipe-neto-o-segundo-youtuber-mais-visto-no-mundo-em-2019-24120733.html. Acesso em 06 nov 2020.
MARTINS, Amanda Coelho. Criatividade, autonomia e precariedade: o trabalho dos profissionais em tecnologia da informação. DISSERTAÇÃO. Programa de Pós-graduação em Sociologia. UFSCar, São Carlos. 2016.
MATOS, Ludimila Santos. “O YouTube não liga pra gente”: agenciamentos sociotécnicos na percepção de criadores de conteúdo brasileiros para o YouTube. 2020. 282f. Tese (doutorado). Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação, UFRGS, 2020.
MISKOLCI, Richard. Sociologia Digital: notas sobre pesquisa na era da conectividade. Contemporânea v. 6, n. 2 p. 275-297, 2016.
OLIVEIRA, Felipe. Após post considerado racista sobre jogador, YouTuber Júlio Cocielo perde patrocinadores. Folha de São Paulo, 03 jul 2018. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/apos-post-considerado-racista-sobre-jogador-frances-youtuber-julio-cocielo-perde-patrocinadores.shtml . Acesso 20 nov 2020.
PELÚCIO, Larissa. Afetos, mercado e masculinidades contemporâneas: notas iniciais de uma pesquisa em aplicativos móveis para relacionamentos afetivos/sexuais. Contemporânea. v. 6, n. 2 p. 309-333 Jul.–Dez. 2016.
PIRES, Aline S. A “geração Y” e o discurso da flexibilidade geracional entre trabalhadores da área de Tecnologia da Informação (TI). In: 40º Encontro Anual da Anpocs. Anais...Caxambu, Anpocs, 2016.
REGO, Arménio; PINA E CUNHA, Miguel; MEYER JR, Victor. Quantos participantes são necessários para um estudo qualitativo? Revista de Gestão dos Países de Língua Portuguesa. p 43 – 57. s/d.
RIFIKIN, Jeremy. A era do acesso. A transição de mercados convencionais para networks e o nascimento de uma nova economia. São Paulo: Makron Books, 2001.
SCHOLZ, Trebor. Cooperativismo de plataforma: contestando a economia do compartilhamento cooperativa. São Paulo: Fundação Rosa Luxemburgo; Editora Elefante; Autonomia Literária, 2016.
SLEE, Tom. Uberização: a nova onda do trabalho precarizado. São Paulo: Editora Elefante, 2017.
TUBULAR. Q3 2017 State of Online Video Report. Tubular Labs. 2017.
VALENTE, Jonas. Tecnologia, informação e poder. Das plataformas online aos monopólios digitais. 2019. 400f. Tese (doutorado). Departamento de Sociologia, UnB, Brasília, 2019.
YOUTUBE faturou U$$ 15 bilhões com anúncios em 2019. Istoé, Negócios, 04 fev 2020. Disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/youtube-faturou-us-15-bilhoes-com-anuncios-em-2019/. Acesso em 20 nov 2020.
YOUTUBER Logan Paul causa polêmica ao filmar homem enforcado no Japão. El País, Madri, 02 jan 2018. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/02/internacional/1514891740_277567.html. Acesso 20 nov 2020.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Giulianna Bueno Denari
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Procedimentos para o envio dos manuscritos
Ao enviar seu manuscrito o(s) autor(es) está(rão) automaticamente: a) autorizando o processo editorial do manuscrito; b) garantindo de que todos os procedimentos éticos exigidos foram atendidos; c) compartilha os direitos autorais do manuscrito com a revista Áskesis; d) admitindo que houve revisão cuidadosa do texto com relação ao português e à digitação; título, e subtítulo (se houver) em português; resumo na língua do texto, com as mesmas características; palavras-chave inseridas logo abaixo do resumo, além de keywords para o abstract; apresentação dos elementos descritivos das referências utilizadas no texto, que permitam sua identificação individual; observação das normas de publicação para garantir a qualidade e tornar o processo editorial mais ágil.
Ao submeter o manuscrito deve ser informado (no portal SEER) nome, endereço, e-mail e telefone do autor a contatar e dos demais autores. Forma de Apresentação dos Manuscritos O título deverá ser apresentado em português e inglês.
A apresentação dos originais deverá seguir as normas da Revista Áskesis e, quando não contempladas, seguir as normas atualizadas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Recomenda-se a consulta principalmente às normas NBR 10.520/02 – Citações em documentos; NBR 6024/03 – Numeração progressiva das seções de um documento; NBR 6023/02 – Referências; NBR 6028/03 – Resumos; NBR 6022/03 –Artigo em publicação periódica científica impressa - Apresentação. Nota: Os resumos que acompanham os documentos devem ser de caráter informativo, apresentando elementos sobre as finalidades, metodologia, resultados e conclusões do estudo.
Figuras, tabelas, quadros, etc., devem ser apresentadas uma em cada página, acompanhadas das respectivas legendas e títulos. As figuras e tabelas não devem exceder 17,5 cm de largura por 23,5 cm de comprimento. Devem ser, preferencialmente, elaboradas no Word/Windows. Não serão aceitas figuras gráficas com cores ou padrões rebuscados que possam ser confundidos entre si, quando da editoração da revista. Se aceito, as figuras e tabelas devem ser enviadas separadamente, via e-mail, para o precesso de diagramação, com suas respectivas legendas explicativas.