Migração haitiana: um estudo etnográfico com crianças, pais, professores em escolas públicas de Sinop MT.
DOI:
https://doi.org/10.46269/6217.244Palavras-chave:
Migração. Crianças. Pais. ProfessoresResumo
RESUMO: A pesquisa de doutorado em andamento “Crianças migrantes haitianas em Sinop/MT: inserção nas instituições escolares” tem como objetivo compreender como ocorre a inserção e socialização das crianças migrantes e haitianas nas instituições escolares públicas de Sinop. Objetiva também analisar como as instituições escolares recebem e percebem essas crianças; verificar as experiências vivenciadas por elas em relação às outras crianças/colegas, professores e gestores e como os pais das crianças haitianas veem e percebem a escola. A metodologia é qualitativa com desenho etnográfico para gerar dados através de observações livres, entrevistas e depoimentos. O recorte temporal da pesquisa é a migração de crianças que vieram com seus pais no ano de 2015 a 2016 para Sinop MT. Os dados preliminares apontam que nas escolas, as crianças haitianas têm muitas dificuldades com a língua portuguesa o que limita sua comunicação e interfere na relação com os professores, colegas, aprendizagem dos conteúdos e na internalização das regras escolares. Os professores, em sua maioria, demonstram preconceito racial de forma velada em seus discursos e em relação à origem dos alunos. Para eles o Haiti é um país pobre e miserável, em consequências os haitianos podem ser subalternos, sujos e “diferentes” em relação aos demais negros brasileiros. Os pais das crianças haitianas valorizam a escola e os professores dos seus filhos. Nas relações entre alunos o preconceito racial é mais perceptível na fase da Educação Infantil, na faixa etária de 5 a 6 anos. Na fase dos 12 anos é mais perceptível nas meninas do que nos meninos brasileiros.
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