De Pareto a Borges: Realidade e Ficção na Construção do Conhecimento em Sociologia
DOI:
https://doi.org/10.46269/3114.134Keywords:
Sociologia, Métodos, Vilfredo ParetoAbstract
Este ensaio – que possui a forma de um dossiê – tem como objeto o que se convencionou chamar de “dilemas do(s) método(s) na Sociologia”, reconhecendo-se o seu caráter construtivo. Partindo-se dos parâmetros cognitivos “ortodoxia versus ficção”, achega-se a pontos intermediários, com a afirmação de um estatuto científico para a Sociologia sem que se elidam os seus fatores artificiais. As provocações se inauguram com o exame das formulações sociológicas de Vilfredo Pareto, sublinhando-se a sua ousadia metodológica marcada pela (pretensão de) objetividade, e alcançam o outro extremo com o emprego da criação literária, tendo-se como exemplares Kafka e Borges. A busca por pontos intermediários visita as teorias de Weber, Bourdieu, Bobbio e Habermas, entre outros – e o que sobrevém desse movimento é que os exercícios de racionalidade que almejam conhecimento na Sociologia são tanto vicários do instável equilíbrio entre objetivos e procedimentos quanto da anuência dos que definem o caráter da ciência naquele momento específico.
References
ARON, Raymond. As etapas do pensamento sociológico. São Paulo: Martins Fontes, 1987. BACON, Francis. Novum organum: ou verdadeiras indicações acerca da interpretação da natureza. São Paulo: Abril Cultural, 1984.
BAUDRILLARD,Jean. Simulacros e simulação. Lisboa: Relógio D ́Água, 1991. BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. São Paulo: Brasiliense, 1990.
______. Pareto e a crítica das ideologias. In: ______. Ensaios escolhidos: história do pensa- mento político. São Paulo: C. H. Cardim Ed., s./d. p. 127-155.
BLOOR, David. Conhecimento e imaginário social. São Paulo: Unesp, 2009.
BOLTANSKI, Luc; CHIAPELLO, Ève.O novo espírito do capitalismo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.
BOURDIEU, Pierre.O poder simbólico. Lisboa: Difel, 1989.
______; CHAMBOREDON, Jean-Claude; PASSERON, Jean-Claude. Ofício de sociólogo:metodologia da pesquisa na sociologia. Petrópolis: Vozes, 2004.
COHN, Gabriel (org.). Max Weber. São Paulo: Ática, 1986.
COLLINS, Harry. Introduction: stages in the empirical programme of relativism. Social Studies of Science, v. 11, n. 1, p. 3-10, fev. 1981.
CORTÁZAR, Julio. 62, Modelo para armar. Buenos Aires: Alfaguara, 1995.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. Capitalismo e esquizofrenia,v. 1:o anti-Édipo. Rio de Janei- ro: Editora 34, 1972.
______; ______.Kafka, por uma literatura menor. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
______; ______.Capitalismo e esquizofrenia, v.2: mil platôs. Rio de Janeiro: Editora 34, 1980.
DESCARTES, René. Discurso do método. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
FERNANDES, Florestan. Fundamentos empíricos da explicação sociológica. São Paulo: T. A. Queiroz, 1980.
FINER, S. E. Introduction. In: ______. (org.). Vilfredo Pareto: sociological writings. New York: Frederick A. Praeger Publishers, 1967. p. 3-91.
FONOLLOSA, José M. Ciudad del Hombre: Barcelona. Barcelona: DVD Ediciones, 2006. FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1977.
______. As palavras e as coisas:uma arqueologia das ciências humanas. São Paulo: Martins Fontes, 1981.
FRANCO, Gustavo. Literatura e economia. Veja, 3 nov. 1999, p. 141. ______. O nacional-empreendedorismo.Veja, 4 ago. 2004,p. 157.
HARVEY, David. A condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança cultu- ral. São Paulo: Loyola, 2001.
KAFKA, Franz. Um artista da fome e A construção. São Paulo: Brasiliense, 1984. KUHN, Thomas. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Perspectiva, 1997.
LAFER, Celso. Bobbio: razão, paz e democracia. In: _____. Ensaios liberais. São Paulo: Sicilia- no, 1991.
LATOUR, Bruno. Jamais fomos modernos:ensaio de Antropologia simétrica. São Paulo: Editora 34, 1994.
______. A ciência em ação. São Paulo: Unesp, 2000.
LEIVAS, Claudio. Paixão, democracia e deliberação em Hobbes e Walzer. Trans/Form/Ação, São Paulo, v. 32, n. 2, 2009.
MANNHEIM, Karl. Ideologia e utopia. Rio de Janeiro: Zahar, 1976.
MARTINS, Heloisa Helena T. de Souza. Metodologia qualitativa de pesquisa. Educação e Pes- quisa, São Paulo, v. 30, n. 2, p. 289-300, maio/ago. 2004.
MARX, Karl. A ideologia alemã. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 1999.
PASSERON, Jean-Claude. O raciocínio sociológico. O espaço não-popperiano do raciocínio natural. Petrópolis: Vozes, 1995.
PEREZ, Reginaldo Teixeira. O mercado como limite da racionalidade.In: Encontro Anual da ANPOCS, XXVI, 2002, Caxambu/MG, 2002.Anais... São Paulo: Anpocs, 2002.
POPPER, Karl R. Lógica das ciências sociais. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2004. RANCIÈRE, Jacques. O inconsciente estético.São Paulo: Editora 34, 2001.
REIS, Elisa. Reflexões sobre o Homo Sociológicus. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 4, n. 11, 1989, p. 23-32.
RODRIGUES, José Albertino. A sociologia de Durkheim (Introdução). In: DURKHEIM: Sociolo- gia. São Paulo: Ática, 1984.
______. Pareto. São Paulo: Ática, 1984. p. 40-42. (Grandes Cientistas Sociais,43).
SOUTO, Julio. Pareto, um personagem de Kafka. [mimeografado] 2011.
SANTOS, Boaventura de Sousa.Introdução a uma ciência pós-moderna.São Paulo: Graal, 1989.
______.A crítica da razão indolente: contra o desperdício da experiência. São Paulo: Cortez, 2000.
SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Discurso sobre o objeto: umapoética do social. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
SARTORI, Giovanni. A política: lógica e método nas ciências sociais. Brasília: Ed. UnB, 1981. VIRGINIO, Alexandre S. Conhecimento e sociedade: diálogos impertinentes. Revista Sociologias, Porto Alegre, v. 8, n. 15, jan./jun. 2006, p. 88-135.
WEBER, Max. Ciência e política: duas vocações. Brasília: Ed. UnB; São Paulo, Cultrix, 1983.
______.Sobre a teoria das ciências sociais. São Paulo: Moraes, 1991.
______. A “objetividade” do conhecimento na ciência social e na ciência política. In: ______. Metodologia das ciências sociais. Parte 1. São Paulo: Cortez; Campinas: Unicamp, 2001.
WINCH, Peter. A ideia de uma ciência social. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1970.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Copyright (c) 2014 Caroline Pimentel Corrêa, Fabrício Monteiro Neves, Fabrício Teló, Jéssica Maria Rosa Lucion, Julio Souto, Reginaldo Teixeira Perez
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Procedimentos para o envio dos manuscritos
Ao enviar seu manuscrito o(s) autor(es) está(rão) automaticamente: a) autorizando o processo editorial do manuscrito; b) garantindo de que todos os procedimentos éticos exigidos foram atendidos; c) compartilha os direitos autorais do manuscrito com a revista Áskesis; d) admitindo que houve revisão cuidadosa do texto com relação ao português e à digitação; título, e subtítulo (se houver) em português; resumo na língua do texto, com as mesmas características; palavras-chave inseridas logo abaixo do resumo, além de keywords para o abstract; apresentação dos elementos descritivos das referências utilizadas no texto, que permitam sua identificação individual; observação das normas de publicação para garantir a qualidade e tornar o processo editorial mais ágil.
Ao submeter o manuscrito deve ser informado (no portal SEER) nome, endereço, e-mail e telefone do autor a contatar e dos demais autores. Forma de Apresentação dos Manuscritos O título deverá ser apresentado em português e inglês.
A apresentação dos originais deverá seguir as normas da Revista Áskesis e, quando não contempladas, seguir as normas atualizadas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Recomenda-se a consulta principalmente às normas NBR 10.520/02 – Citações em documentos; NBR 6024/03 – Numeração progressiva das seções de um documento; NBR 6023/02 – Referências; NBR 6028/03 – Resumos; NBR 6022/03 –Artigo em publicação periódica científica impressa - Apresentação. Nota: Os resumos que acompanham os documentos devem ser de caráter informativo, apresentando elementos sobre as finalidades, metodologia, resultados e conclusões do estudo.
Figuras, tabelas, quadros, etc., devem ser apresentadas uma em cada página, acompanhadas das respectivas legendas e títulos. As figuras e tabelas não devem exceder 17,5 cm de largura por 23,5 cm de comprimento. Devem ser, preferencialmente, elaboradas no Word/Windows. Não serão aceitas figuras gráficas com cores ou padrões rebuscados que possam ser confundidos entre si, quando da editoração da revista. Se aceito, as figuras e tabelas devem ser enviadas separadamente, via e-mail, para o precesso de diagramação, com suas respectivas legendas explicativas.