A transição capilar nas mídias digitais: identificações em processo e representações em disputa

Authors

  • Karina de Camargo Universidade Federal de São Carlos/Pós-graduanda
  • Priscila Martins de Medeiros Professora Adjunta do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos

DOI:

https://doi.org/10.46269/8119.348

Keywords:

Processos de Identificação, Práticas de Representação, Mídias digitais, Transição Capilar.

Abstract

O artigo trata de uma pesquisa que teve como objeto o processo de transição capilar relacionado aos usos de plataformas de mídias digitais no Brasil. Seu objetivo foi compreender os impactos deste processo para a construção de identificações de mulheres negras e não-negras, considerando as representações acerca do cabelo crespo e da população negra. Foi realizada através de uma etnografia por meios digitais e teve como materiais publicações de um blog sobre transição capilar, a observação de uma amostra de grupos na plataforma Facebook e relatos fornecidos através de um questionário estruturado. A transição capilar tem impactado a construção de identificações de parte dessas mulheres que negociam e produzem formas de autorrepresentação em um contexto de disputa pelo significado do uso do cabelo natural.

Author Biographies

Karina de Camargo, Universidade Federal de São Carlos/Pós-graduanda

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos e pós-graduanda em Sociologia pela mesma instituição.

Priscila Martins de Medeiros, Professora Adjunta do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos

Doutora em Sociologia pela Universidade Federal de São Carlos, Professora Adjunta do Departamento de Sociologia da Universidade Federal de São Carlos e docente no Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de São Carlos

References

BERNARDINO-COSTA, Joaze. A prece de Frantz Fanon: Oh, meu corpo, faça sempre de mim um homem que questiona!. Civitas-Revista de Ciências Sociais, v. 16, n. 3, 2016.

BRAGA, Amanda. História da beleza negra no Brasil: discursos, corpos e práticas. São Carlos: EdUFSCar, 2015.

BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferenciação. Cadernos Pagu, v.26, p.329-376, jan-jun 2006.

CASTELLS, Manuel. A revolução da tecnologia da informação. In: A Sociedade em Rede. Vol 1. 8ª ed. Tradução Roneide Venancio Majer. São Paulo: Paz e Terra, 2011, p.67-118.

COLLINS, Patricia Hill. Aprendendo com a outsider within: a significação sociológica do pensamento feminista negro. Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, p. 99-127, jan-abr 2016.

COSTA, Sérgio. Dois Atlânticos: teoria social, anti-racismo, cosmopolitismo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006.

DE MATTOS, Ivanilde Guedes; SILVA, Aline. Vício Cacheado: Estéticas Afro-Diásporicas. Revista da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN), v. 6, n. 14, p. 214-235, jul-out 2014.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Tradução Renato da Silveira. Salvador: SciELO-EDUFBA, 2008.

FAUSTINO, Deivison Mendes. Frantz Fanon: um revolucionário, particularmente negro. São Paulo: Ciclo Contínuo Editorial, 2018.

FIGUEIREDO, Ângela. “Cabelo, cabeleira, cabeluda e descabelada”: identidade, consumo e manipulação da aparência entre os negros brasileiros. 26ª Reunião Anual da Associação Nacional de Pós-Graduação e pesquisa em Ciências Sociais, Caxambu, 2002. p.1-14. Disponível em: https://www.anpocs.com/index. php/papers-26-encontro/gt-23/gt17-14/4475 -afigueiredo-cabelo/file. Acesso em: 27 mai. 2019.

FRAGOSO, Suely; RECUERO, Raquel; AMARAL, Adriana. Métodos de pesquisa para internet. Porto Alegre: Sulina, v. 1, 2011.

GOMES, Ana Paula Pereira. Mídia e Beleza Negra: a mulher negra em propagandas televisivas de produtos de higiene e beleza. 135f. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2008.

GOMES, Nilma Lino. Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. 2006. Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/fdh/wp-content/uploads/2012/10/ Corpo-e-cabelo-como-símbolos-da-identidade-negra.pdf. Acesso em: 27 mai. 2019.

_____. O Movimento Negro educador: saberes construídos nas lutas por emancipação. Rio de Janeiro: Vozes, 2017.

_____. Sem perder a raiz: Corpo e cabelo como símbolos da identidade negra. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. E-book. ISBN 978-85-513-0231-6.

_____. Uma dupla inseparável: cabelo e cor da pele. In: BARBOSA, Lucia Maria de Assunção. (org); SILVA, Petronilha Beatriz Gonçalves. (org); SILVÉRIO, Valter Roberto. (org). De preto a afro-descendente: trajetos de pesquisa sobre relações étnico-raciais no Brasil. São Carlos, EdUFSCar, 2003, p. 137-150.

HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva e Guacira Lopez Louro, 11ª edição, Rio de Janeiro, DP&A, 2006.

_____. Cultura e representação. Tradução Daniel Miranda e William Oliveira. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Apicuri, 2016.

_____. Da Diáspora: identidades e mediações culturais. Tradução de Adelaine La Guardia Resende, Ana Carolina Escosteguy, Cláudia Álvares, Francisco Rüdiger, Sayonara Amaral, Brasília, Editora UFMG, 2003.

_____. Quem precisa de identidade?. In: SILVA, Tomaz Tadeu da. (org); HALL, Stuart.; WOODWARD, Kathryn., Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis, Vozes, 2000, p. 103-133.

HOOKS, Bell. Intelectuais negras. Estudos feministas, v. 3, n. 2, p. 464, 2º semestre 1995.

KOZINETS, Robert V. Netnografia: realizando pesquisa etnográfica online. Tradução Daniel Bueno. Porto Alegre: Penso Editora, 2014.

MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria das mídias digitais: linguagens, ambientes e redes. Editora Vozes Limitada, 2014.

MISKOLCI, Richard. Novas conexões: notas teórico-metodológicas para pesquisas sobre o uso de mídias digitais. Revista Cronos, v. 12, n. 2, p.09-22, jul-dez 2011.

_____. Sociologia Digital: notas sobre pesquisa na era da conectividade. Revista Semestral do Departamento e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar, v. 6, n. 2, p. 275-297, jul-dez 2016.

MUNANGA, Kabengele. Uma abordagem conceitual das noções de raça, racismo, identidade e etnia. Palestra proferida no 3º Seminário Nacional de Relações Raciais e Educação. PENESB-RJ, Rio de Janeiro. Disponível em: http://acaoeducativa. org.br/downloads/09abordagem.pdf. Acesso em: 27 mai. 2019.

NICOLACI-DA-COSTA, Ana Maria. Revoluções tecnológicas e transformações subjetivas. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 18, n. 2, p. 193-202, mai-ago 2002.

PIERRO, Bruno de. O mundo mediado por algoritmos. Pesquisa FAPESP, São Paulo, ano 19, n. 266, abril de 2018, p.18-25.

PISCITELLI, Adriana. Gênero: a história de um conceito. In: ALMEIDA, H. B. D., & SZWAKO, J. E. (orgs), Diferenças, igualdade. Coleção Sociedade em Foco, São Paulo, Berlendis e Vertecchia Editores, p. 116-150, 2009.

_____. Interseccionalidades, categorias de articulação e experiências de migrantes brasileiras. Sociedade e cultura, v. 11, n. 2, jul-dez 2008.

RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala?. Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.

SIBILIA, Paula. EU personagem e o pânico da solidão. In: ______. O show do eu: a intimidade como espetáculo. Nova Fronteira, 2008, p.301-343.

SILVA, Andressa Hennig; FOSSÁ, Maria Ivete Trevisan. Análise de conteúdo: exemplo de aplicação da técnica para análise de dados qualitativos. Qualitas Revista Eletrônica, v. 17, n. 1, 2015.

SOUZA, Queila; QUANDT, Carlos. Metodologia de análise de redes sociais. O tempo das redes. São Paulo: Perspectiva, p. 31-63, 2008.

VAN DIJCK. La cultura de la conectvidad: una historia crítica de las redes sociales. Buenos Aires: Siglo Veintiuno, 2016.

Published

2020-04-07