A nova política dos velhos tempos: reflexões sobre a construção de um projeto de nação
DOI:
https://doi.org/10.46269/8119.389Keywords:
Projeto de Nação, Racismo, Modernização Conservadora, História Política do BrasilAbstract
No Brasil contemporâneo têm emergido narrativas acerca de uma nova política, em substituição a um projeto de nação outrora alicerçado na pretérita velha política. As teorias que discorrem acerca do contexto social, histórico, político e cultural em torno da formação do Brasil enquanto República, no final do século XIX, podem explicar aspectos do Brasil contemporâneo. Oobjetivo do presente estudoé problematizar o projeto de nação construído historicamente no país a partir da narrativa dos elementos promotores de desigualdade, como os associados ao racismo e à tentativa de conformação de um brasileiro branco e euro-orientado. Os operadores dessa discussão passam pela abordagem do racismo no Brasil, pelo projeto de branqueamento da população, bem como pelo papel agenciador da segurança pública e da educação no reforçamento de preconceitos, assimetrias e desigualdades. Pode-se concluir que a chamada nova política é fruto da modernização conservadora de aspectos fundamentais do Brasil, o que deve ser problematizado e acompanhado perenemente.References
ABRANCHES, Sérgio. Polarização radicalizada e ruptura eleitoral. In: ABRANCHES, Sérgio; Et. al. Democracia em risco?: 22 ensaios sobre o Brasil hoje. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. p. 11-34.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. História da discriminação racial na educação brasileira - Silvio Almeida - Escola da Vila 2018a. In: Centro de Formação da Vila. YouTube, 26 jul. 2018. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=gwMRRVPl_Yw&feature=youtu.be>. Acesso em: 19 jun. 2019.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. O que é racismo estrutural?. Belo Horizonte: Letramento, 2018b.
AZEVEDO; Celia Maria Marinho. Onda negra, medo branco: o negro no imaginário das elites, século XIX. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1989. Capítulo III.
BASTIDE, R.; FERNANDES, F. Relações raciais entre negros e brancos em São Paulo. São Paulo: UNESP/Anhembi, 1955.
BLANC, A.; TAPAJÓS, M. Querelas do Brasil. In: REGINA, Elis. Elis Transversal do Tempo 1978. Rio de Janeiro: Philips/Polygram, CD 838 285-2, 1998 (1978).
BOLSANELLO, Maria Augusta. Darwinismo social, eugenia e racismo "científico": sua repercussão na sociedade e na educação brasileira. Educar em Revista, Curitiba, n. 12, p. 153-165, Dec. 1996. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-40601996000100014&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 13 jun. 2019.
BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Mortos e desaparecidos políticos. Comissão Nacional da Verdade. Recurso eletrônico. Brasília: CNV, 2014a. 1996 p. – (Relatório da Comissão Nacional da Verdade; v. 3). Disponível em: <http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/images/pdf/relatorio/volume_3_digital.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019.
BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Relatório. Comissão Nacional da Verdade. Recurso eletrônico. Brasília: CNV, 2014b. 976 p. (Relatório da Comissão Nacional da Verdade; v. 1). Disponível em: <http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/images/pdf/relatorio/volume_1_digital.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019.
BRASIL. Comissão Nacional da Verdade. Textos temáticos. Comissão Nacional da Verdade. Brasília: CNV, 2014c. 416 p. (Relatório da Comissão Nacional da Verdade; v. 2). Disponível em: <http://cnv.memoriasreveladas.gov.br/images/pdf/relatorio/volume_2_digital.pdf>. Acesso em: 21 jun. 2019.
BRASIL DE FATO. Ex-preso político analisa o ciclo conservador que se inicia com a posse de Bolsonaro. São Paulo: Brasil de Fato. Publicado em: 1 de janeiro de 2019. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2019/01/01/ex-preso-politico-posse-de-bolsonaro-inaugura-novo-ciclo-de-extrema-direita-no-pais/>. Acesso em: 21 jun. 2019.
CARVALHO, C; AGUIAR, T.; DANTAS, D. Assassinatos de indígenas crescem no Brasil, segundo Conselho Indigenista Missionário. O GLOBO. Publicado em 01 de dezembro de 2018. Disponível em: <https://oglobo.globo.com/sociedade/assassinatos-de-indigenas-crescem-no-brasil-segundo-conselho-indigenista-missionario-23273811>. Acesso em: 21 jun. 2019.
CHAUÍ, Marilena. Brasil: mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Editora Perseu Abramo, 2000.
COTA. Luiz Gustavo Santos. Não só “para inglês ver”: justiça, escravidão e abolicionismo em Minas Gerais. História Social, n. 21, p. 65-92, 2011. Disponível em: <https://www.ifch.unicamp.br/ojs/index.php/rhs/article/viewFile/912/683>. Acesso em: 20 jun. 2019.
COSTA, Emília Viotti. Da monarquia à república: momentos decisivos. 6. ed. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1999.
DOMINGUES, Petrônio. Democracia e autoritarismo: Entre o racismo e o antirracismo. In: ABRANCHES, Sérgio; Et. al. Democracia em risco?: 22 ensaios sobre o Brasil hoje. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. p. 98-115.
DOMINGUES, Petrônio. Um “TEMPLO DE LUZ”: Frente Negra Brasileira (1931-1937) e a questão da educação. In.: FONSECA, Marcus Vinícius; BARROS, Surya A. Pombo (Orgs.). A história da educação dos negros no Brasil. Niterói: EdUFF, 2016. p. 329-362.
FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Salvador: Edufba, 2008.
GERALDO, Endrica. A “lei de cotas” de 1934: controle de estrangeiros no Brasil. Cad. AEL, v. 15, n. 27, p. 175-209, 2009.
GOMES, Nilma Lino. Educação e Relações raciais: refletindo sobre algumas estratégias de atuação. In. MUNANGA, Kabengele (org.). Superando o Racismo na Escola. 2ª Edição Revisada. Brasília. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2008.
GOMES, Nilma Lino. O movimento negro educador. Saberes construídos nas lutas por emancipação. Petrópolis: Editora Vozes, 2017, 154p.
GONZALEZ, Lélia. A categoria político-cultural de amefricanidade. In: Tempo Brasileiro. Rio de Janeiro, n. 92/93, p. 69-82, 1988.
HERCULANO, Selene. “Lá como cá: conflito, injustiça e racismo ambiental”. Texto apresentado no I Seminário Cearense contra o Racismo Ambiental, Fortaleza, 20 a 22 de novembro de 2006. Disponível em: <http://www.professores.uff.br/seleneherculano/publicacoes/la-como-ca.pdf>. Acesso em 12 fev. 2020.
ISP. Séries históricas anuais de taxa de letalidade violenta no estado do Rio de Janeiro e grandes regiões. Instituto de Segurança Pública – ISP. Rio de Janeiro: Instituto de Segurança Pública, março de 2019. 20 p. Disponível em: <http://www.ispdados.rj.gov.br/Arquivos/SeriesHistoricasLetalidadeViolenta.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2019.
JACCOUD, Luciana. Racismo e República: o debate sobre o branqueamento e a discriminação racial no brasil. In: THEODORO, Mário (Org.). As políticas públicas e a desigualdade racial no Brasil: 120 anos após a abolição; Brasília: IPEA, 2008.
JORNAL NACIONAL. A cada 100 vítimas de homicídio no Brasil, 71 são negras, diz estudo. G1 - Jornal Nacional. Publicado em 18 de novembro de 2017. Disponível em: <http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2017/11/cada-100-vitimas-de-homicidio-no-brasil-71-sao-negras-diz-estudo.html>. Acesso em: 21 jun. 2019.
KI-ZERBO, Joseph. Introdução geral. In: História geral da África, I: Metodologia e pré-história da África / editado por Joseph Ki -Zerbo. 2.ed. rev. Brasília: UNESCO, p. XXXIII, 2010. 992p.
LIMA, Getúlio R.; URQUIZA, Antônio H. A. Agronegócio, desenvolvimento e territórios indígenas tradicionais: os desafios dos direitos Humanos em Mato Grosso do Sul. RIDH, Bauru, v. 3, n. 2, p. 115-131, jul./dez. 2015
MAIA, Kenia Soares; ZAMORA, Maria Helena Navas. O Brasil e a lógica racial: do branqueamento à produção de subjetividade do racismo. Psicologia Clínica, Rio de Janeiro, v. 30, n. 2, p. 265-286, 2018. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-56652018000200005&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 28 jun. 2019.
MAIO, Marcos Chor. O Projeto Unesco e a Agenda das Ciências Sociais no Brasil dos anos 40 e 50. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 14, n. 41, p. 141-158, out. 1999.
MATTOS, Hebe Maria; RIOS, Ana Maria. O pós-abolição como problema histórico: balanços e perspectivas. Topoi, v.5, n.8, p. 170-198, 2004.
MBEMBE, Achille. Necropolítica. Arte & Ensaios. n.32. p.123-151. Dez. 2016. Disponível em:<https://revistas.ufrj.br/index.php/ae/article/view/8993/7169>. Acesso em 18 jun. 2019.
MICHELS, Robert. A lei de ferro da oligarquia. In: Sociologia Política. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1954.
MONSMA, Karl; TRUZZI, Oswaldo. Amnésia social e representações de imigrantes: consequências do esquecimento histórico e colonial na Europa e na América. Sociologias, Porto Alegre, v. 20, n. 49, p. 70-108, 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/soc/v20n49/1807-0337-soc-20-49-70.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/15174522-02004903
MUNANGA, Kabengele. Por que ensinar a história da África e do negro no Brasil de hoje?. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, n. 62, p. 20-31, dez. 2015. 10.11606/issn.2316–901X.v0i62p20–31
MUNANGA, Kabengele. Uma Abordagem Conceitual das Noções de Raça, Racismo, Identidade e Etnia. In: 3º Seminário Nacional Relações Raciais e Educação – PENESB-RJ, 5 nov. 2003. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/wp-content/uploads/2014/04/Uma-abordagem-conceitual-das-nocoes-de-raca-racismo-dentidade-e-etnia.pdf>. Acesso em 11 jan. 2020.
NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro. Processo de um racismo mascarado. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra S/A, 2016.
NASCIMENTO, Maria Beatriz do. O conceito de quilombo e a resistência cultural negra. In: RATTS, Alecsandro José Prudencio. Eu sou Atlântica: Sobre a Trajetória de Vida de Beatriz Nascimento. São Paulo: Imprensa Oficial / instituto Kuanza, 2007, p. 117-125.
OLIVEIRA, Lorena Silva. Racismo de Estado e suas vias para fazer morrer. 2018. 111p. Dissertação (Mestrado em Filosofia). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia.
OLIVEIRA, Lúcia Lippi. A questão nacional na Primeira República. São Paulo: Brasiliense; Brasília: CNPq, 1990. 208 p.
PIRES, M. J. S.; RAMOS, P. O termo Modernização Conservadora: Sua origem e utilização no Brasil. Documento Técnico Científico. REN, v. 40, n. 3, p. 411-424, 2009.
PRADO JÚNIOR, Caio. Evolução Política do Brasil e outros estudos. 6. ed. São Paulo: Editôra Brasiliense, 1969.
SANTOS, B. F. Um a cada três brasileiros apoia intervenção militar no país. EXAME. Publicado em: 02 de outubro de 2017. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/brasil/um-a-cada-tres-brasileiros-apoia-intervencao-militar-no-pais/>. Acesso em: 21 jun. 2019.
SANTOS, Hélio. A busca de um caminho para o Brasil: a trilha do ciclo vicioso. 2. ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2003.
SANTOS, Hélio. [2002]. Entrevista ao Programa Roda Viva. In: TV Cultura. 2015. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=1e6HHctgWPk>. Acessado em 29 de março de 2019.
SANTOS, Hélio. Uma teoria para a questão racial do negro brasileiro: a trilha do círculo vicioso. São Paulo em perspectiva, v. 8, n. 3, p. 56-65, 1994.
SILVA, E. F. Os direitos humanos no “bolsonarismo”: “descriminalização de bandidos” e “punição de policiais”. Conhecer: Debate entre o Público e o Privado, n. 22, p. 133-153, 2019.
SILVA, J. M. Raízes do Conservadorismo Brasileiro: a abolição na imprensa e no imaginário social. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018. 448p.
SOARES, Carlos Eugênio Líbano. A capoeiragem baiana na Corte Imperial (1863-1890). Afro-Ásia, Salvador, n. 22-23, p. 147-176, 1999.
SOARES, C. C. M. As Ganhadeiras: Mulher e Resistência Negra em Salvador no Século XIX. Revista Afro-Ásia, Salvador, n. 17, p. 57-71, 1996.
SOUSA, R. C.; MORAIS, M. S. A. Polícia e Sociedade: uma análise da história da segurança pública brasileira. In: V Jornada Internacional de Políticas Públicas, São Luís-MA, 2011. Disponível em: <http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2011/CdVjornada/vjornada.html>. Acesso em: 20 jun. 2019.
SOUZA, Jessé. A Elite do Atraso. Edição revista e ampliada: da escravidão a Bolsonaro. Rio de Janeiro: Estação Brasil, 2019. 272 p.
SOUZA, Jessé. Subcidadania Brasileira: para entender o país além do jeitinho brasileiro. Rio de Janeiro: LeYa, 2018. 288 p.
SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro: as vicissitudes da Identidade do Negro Brasileiro em Ascensão Social. 2. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1990.
TELES JÚNIOR, Adenevaldo. O genocídio indígena contemporâneo no Brasil e o discurso da bancada ruralista no Congresso Nacional. Dissertação (Mestrado em Direito Agrário), Universidade Federal de Goiás. Goiânia, 2018. 157 p.
WEBER, Max. Ensaios de sociologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982.
WEGNER, R.; SOUZA, V. S. Eugenia ‘negativa’, psiquiatria e catolicismo: embates em torno da esterilização eugênica no Brasil. História, Ciências, Saúde-Manguinhos, Rio de Janeiro, v. 20, n. 1, p. 263-288, 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/hcsm/2013nahead/ahop0113.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2019.
WELSING, Francis Cress. Os papéis de Isis: as chaves para as cores. Rio de Janeiro: Wellington Agudá, 1989.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Copyright (c) 2020 Áskesis
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Procedimentos para o envio dos manuscritos
Ao enviar seu manuscrito o(s) autor(es) está(rão) automaticamente: a) autorizando o processo editorial do manuscrito; b) garantindo de que todos os procedimentos éticos exigidos foram atendidos; c) compartilha os direitos autorais do manuscrito com a revista Áskesis; d) admitindo que houve revisão cuidadosa do texto com relação ao português e à digitação; título, e subtítulo (se houver) em português; resumo na língua do texto, com as mesmas características; palavras-chave inseridas logo abaixo do resumo, além de keywords para o abstract; apresentação dos elementos descritivos das referências utilizadas no texto, que permitam sua identificação individual; observação das normas de publicação para garantir a qualidade e tornar o processo editorial mais ágil.
Ao submeter o manuscrito deve ser informado (no portal SEER) nome, endereço, e-mail e telefone do autor a contatar e dos demais autores. Forma de Apresentação dos Manuscritos O título deverá ser apresentado em português e inglês.
A apresentação dos originais deverá seguir as normas da Revista Áskesis e, quando não contempladas, seguir as normas atualizadas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Recomenda-se a consulta principalmente às normas NBR 10.520/02 – Citações em documentos; NBR 6024/03 – Numeração progressiva das seções de um documento; NBR 6023/02 – Referências; NBR 6028/03 – Resumos; NBR 6022/03 –Artigo em publicação periódica científica impressa - Apresentação. Nota: Os resumos que acompanham os documentos devem ser de caráter informativo, apresentando elementos sobre as finalidades, metodologia, resultados e conclusões do estudo.
Figuras, tabelas, quadros, etc., devem ser apresentadas uma em cada página, acompanhadas das respectivas legendas e títulos. As figuras e tabelas não devem exceder 17,5 cm de largura por 23,5 cm de comprimento. Devem ser, preferencialmente, elaboradas no Word/Windows. Não serão aceitas figuras gráficas com cores ou padrões rebuscados que possam ser confundidos entre si, quando da editoração da revista. Se aceito, as figuras e tabelas devem ser enviadas separadamente, via e-mail, para o precesso de diagramação, com suas respectivas legendas explicativas.